"Pelos olhos dentro : 40 imagens para Abril"
25 de Abril de 74, 40 anos depois. Como é? Como estamos? Como
nos sentimos? Como nos vemos?
40 artistas partilham os seus olhares, as suas críticas, as
suas esperanças. Para uns, o cravo de Abril perdeu o viço, a cor, a pomba da paz
jaz acorrentada e moribunda, a nova geração de Abril engorda sebosamente e afoga-se
no próprio vómito. Para outros, Abril permanece e torna-se, de novo, a única saída,
uma porta aberta para escapar desta escuridão de breu e o abraço da fraternidade
continua a estender-se por todas as raças, credos e continentes. Para terceiros,
a via alternativa passa por um olhar para o futuro, irónico e realista, que capta
uma solidariedade egoísta numa selfie contemporânea e trágica, mas acutilante e
perturbadora para espíritos adormecidos.
Neste ano de 2014, a Câmara Municipal de Viana do Castelo agradece
a uns, a outros e aos terceiros a sua teimosia em manter Abril vivo, sob os vários
prismas, e a sua generosidade em partilhar com os restantes a pluralidade de sentidos,
de sentimentos e de «sentires»."
Maria José Guerreiro
Vereadora da cultura
"Colecção de cromos
Arredondamos datas por não sabermos como amaciar os dias pontiagudos.
Fechamos círculos de cor sobre o calendário achando que com isso podemos parar o
momento brutal e ampliá-lo para o ver nos detalhes, para melhor o entender, talvez
domesticá-lo. Sabemos que o gesto é inútil, como vã é a poesia, mas possui ainda
a urgência da festa. E talvez se encontrem razões para celebrar, não apenas aquilo
que foi feito e desfeito, mas sobretudo o que então se começou e ainda está por
fazer. Não por acaso, esta colecção de cromos abre com João Fazenda rasgando uma
janela, por sobre rostos da alegria, que deixa entrar não sei se folhas de uma qualquer
árvore do conhecimento ou pequenas chamas destinadas a incendiar as existências.
E fecho, em círculo, com o porta que Alex Gozblou esculpiu num quarto escuro deixando
entrar uma fortíssima luz. Abril em 1974 abriu uma porta que se foi fechando ou
continua aguardando que as mãos consigam o gesto (rodar o manipulo, puxar a porto,
espreitar) que dá entrado ao futuro?
Quarenta
anos depois, e a convite da Câmara Municipal de Viana do Castelo, desafiámos outros
tantos ilustradores, esses mestres do efémero, para reinterpretar os ícones que
ficaram como tatuagem daqueles meses febris.
[...]
O povo grita aqui de um modo que não existe fora da ilustração:
em abstracto. Três volutas que se erguem sobre um buraco, imagem-forte assinada
por Ricardo Castro, diz-nos da vida ou do desespero? Que nos reserva Abril, afinal?
O verbo conjuga-se no presente que a colecção surge incompleta e a revolução ainda
está por desenhar.
João Paulo Cotrim"
Para mais informações (preço, encomenda)
consultar Portal da Biblioteca Municipal
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