Livro: Antecedentes medievais da diocese de Viana do Castelo | Já se encontra à venda.

Antecedentes Medievais da Diocese de Viana do Castelo



Autor
Manuel António Fernandes Moreira

Biografia: 
Manuel António Fernandes Moreira, historiador, sacerdote e Pároco das freguesias Vila Mou e S. Salvador da Torre, é natural da freguesia Nabais, Póvoa de Varzim. Residente, desde de 1968, na freguesia de Vila Mou, Viana do Castelo. Ordenando sacerdote católico em 1965 na Sé de Braga. Licenciado em História pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Foi professor de História no ensino secundário e na Universidade Católica. É autor de numerosa bibliografia histórica, com várias obras de investigação sobre a região e sobre Viana do Castelo. Em 1999, a Câmara Municipal de Viana do Castelo agraciou-o com o título honorífico de "Cidadão de Mérito".



APRESENTAÇÃO

O Município de Viana do Castelo tem pautado o seu exercício pelo apoio à edição literária de autores vianenses e sobre Viana do Castelo. A publicação "Antecedentes Medievais da Diocese de Viana do Castelo" de Manuel Moreira é exemplo cabal da qualidade desta mesma produção literária municipal, estando nós perante uma obra de um dos profundos conhecedores da História de Viana do Castelo. Este historiador, sacerdote e pároco das freguesias de Vila Mou e de S. Salvador da Torre, licenciado em História pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, é autor de várias obras de investigação sobre a região e sobre Viana do Castelo, facto que muito tem contribuído para um melhor conhecimento da nossa história coletiva. Nas suas páginas, Manuel Moreira, também Ilustre Cidadão de Mérito de Viana do Castelo, faz uma visita pelos tempos idos da presença de bispos em Tui e Entre Minho e Lima, culminando a sua tese de investigação com a arte sacra do românico sagrado. Para os apreciadores deste género de trabalho e para os que prezam o trabalho e a obra deste grande historiador e querem conhecer a história do concelho, esta é, sem dúvida, uma obra a reter e a ler demoradamente.

O Presidente da Câmara José Maria Costa

NOTA DO AUTOR

«Desejaria que a minha exploração de passado não fossem viagens a um reino de sombras, nem mitificação de factos pretensamente privilegiados, mas revelação do que sempre de novo o traz até nós, do que sempre de novo nos impulsiona no presente, de que sempre de novo deveríamos transmitir a quem vier depois» (José Matoso)(1)

Foi no ano de 1999 que, depois de extenuante trabalho de investigação ocorrido nos arquivos do País, publiquei a obra oportuna e bem aceite intitulada «Raízes Históricas da Diocese de Viana do Castelo». Digo oportuna porque esta diocese havia sido criada ainda há poucos anos. Digo também desejada pela simples razão de que muito pouco havia sido publicado sobre o assunto até então. Felizmente que a procura excedeu a oferta. Praticamente a edição está esgotada(2). Entretanto, o entusiasmo inicial não esmoreceu. Pelo contrário. Apoiado por amigos e especialistas, lançámo-nos à investigação do período medieval, que faltava. Logo de início sentimos o peso das dificuldades e responsabilidade. Primeiramente sabíamos de antemão que não era essa a nossa especialização académica. Segundo porque, ao incidirmos o nosso estudo sobre a igreja de Entre-Minho-e-Lima, na Baixa Idade Média, estávamos a enveredar por caminhos e áreas estranhas, isto é, pertencentes à diocese de Tui. De facto, até ao ano de 1385, a referida região integrava a mesma circunscrição diocesana sob o título de «Diocese de Tui de Ultra Minium ou Diocese de Tui da Parte de Portugal». Sendo assim, esta publicação não passaria de um capítulo da «História da Diocese de Tui» e a responsabilidade do historiador acrescida. Longe de nós tal veleidade. O múnus de historiador exige empenho, verdade e humildade.
Iniciada a investigação, nos anos oitenta do século passado, de imediato chegámos à conclusão acerca da exiguidade e dispersão geográfica das fontes. Não admira. Tratava-se de uma região dividida entre administração civil, sob a jurisdição portuguesa, e administração eclesiástica a cargo da igreja de Tui. O dualismo de poder dava origem a tensões e confrontos a nível de mentalidades, politica, economia e sociedade. Este facto conduziu à destruição de testemunhos históricos, à ocultação da verdade e perversão dos agentes. As zonas de fronteira tornavam-se facilmente campo fértil de movimentos inesperados e rivalidades de toda a ordem. Não admira, pois, que os arquivos eclesiásticos de Tui ou de Braga, à excepção dos Livros de Confirmações de Valença, alguns Tombos de Mosteiros (Torre e Fiães) e um número insignificante de documentos avulsos, se revelem, a este respeito, pobres e de reduzido valor histórico. Nada comparável ao espólio medieval das suas congéneres de Braga, Compostela e Ourense, citando apenas as mais próximas. Este facto reflete-se nas próprias monografias históricas da diocese de Tui que pouco ou quase nada de estrutural e relevante dizem sobre o Alto-Minho (3).
Limitamos a nossa investigação e análise às instituições (mosteiros e paróquias) que desempenharam um papel significativo no povoamento e cristianização do período da Reconquista, mormente a sua resposta ao fenómeno demográfico e à concentração do poder na pessoa do rei, esmagando as imunidades eclesiásticas e favorecendo a expansão das honras e concelhos do povo. Em relação às pessoas, individualmente tomadas, elaborámos o rol dos bispos que usufruíram de jurisdição sobre o território em causa, até aos nossos dias, à excepção dos prelados bracarenses (1514-1977). Constituem a galeria dos "bispos de Viana" repartidos pelos três períodos: bispos de Tui de Entre-Minho-e-Lima; bispos da Administração Eclesiástica de Valença; e bispos da Diocese de Viana do Castelo. O último bispo de Tui no Alto-Minho, D. João de Castro, bem como o nome dos clérigos por ele nomeados para este território merecem um tratamento pormenorizado. Finalmente, abordaremos o tema sempre do agrado do historiador — o Românico do Alto-Minho. Termino com a invocação da imagem conceptual que utilizei no início: «desejaria que a minha exploração do passado não fossem viagens a um reino de sombras...mas revelação do que sempre de novo existe no passado», isto é, esquecer o velho e inútil, sacudir o pó do tempo ao que ainda hoje é válido e verdadeiro. «Revelatio veritatis».

Viana do Castelo, 14 / 9 /2014 

(1) José Matoso, Naquele Tempo, Lisboa, 2009, p.8.
(2) São quatro as obras básicas e exclusivas, até hoje publicadas, acerca dos antecedentes históricos da Diocese de Viana: A. de Jesus Costa, Comarca Eclesiástica de Valença do Minho, P. do Lima, 1981 (240 pp.); José Marques, O Censual do Cabido de Tui para o Arcediagado da Terra da Vinha — 1321, in Bracara Augusta, vol. XXXIV, Braga, 1980 (39 pp.); Teresa de Jesus Rodrigues, O Entre Minho e Lima de 1381 a 1514, Viana do Castelo, 2002 (294pp.); Manuel António Fernandes Moreira, Raízes Históricas da Diocese de Viana do Castelo, Viana do castelo, 1990 (551pp.).
(3) ADB, Registo Geral, L. de Confirmações de Tui, n.° 314; Idem, L. de Confirmações de Valença, n.° 313 (1353-1512), em 6 sub-livros; sendo os 4 primeiros da autoria do escrivão Vasco Martins, abade de S. Pedro de Rubiães, entre 1441 e 1488, por ordem dos Administradores Apostólicos, a começar por D. João A° Ferraz (1441-1468), e a seguir D. João Afonso Manuel Ferraz (1464-1477) e D. Frei Justo Baldino (1478-1493). Aquando da nacionalização dos arquivos eclesiásticos em Portugal (1911). Estes dois livros e mais outros três (n.° 315, 316 e 318) escaparam à recolha feita pelos oficiais, ficando à guarda clandestina dos vigários gerais de Valença. O último, de nome Pe. António José de Oliveira, mandou entregá-los ao Arquivo Distrital de Braga, após a sua morte.


CAPÍTULOS

I A PRESENÇA DOS BISPOS DE TUI EM ENTRE-MINHO-E-LIMA (1065-1385)
1.1 RECONQUISTA CRISTÃ E O POVOAMENTO DA REGIÃO ALTO-MINHOTA
1.2 AS ESTRUTURAS PASTORAIS DA DIOCESE DE TUI NO ALÉM MINHO
1.3 CATÁLOGO DOS BISPOS E ADMINISTRADORES APOSTÓLICOS DO ALTO- MINHO
1.4 A RUPTURA DE 1385

II DAS IGREJAS PRÓPRIAS ÀS PARÓQUIAS GREGORIANAS EM ENTRE-MINHO-E-LIMA
2.1 PARÓQUIAS PRÓPRIAS E ROMANAS
2.2 AS PARÓQUIAS EM ADAPTAÇÃO CONJUNTURAL (SÉC. XII E XIII)
2.3 OS BENEFÍCIOS PAROQUIAIS
2.4 PROCESSO DE CONFIRMAÇÃO DOS TITULARES PAROQUIAIS
2.5 OS SANTOS PADROEIROS DE ENTRE-MINHO-E-LIMA

III OS MOSTEIROS DA RIBEIRA LIMA ACÇÃO CULTURAL E PASTORAL
3.1 0 MOSTEIRO DE SÃO SALVADOR DA TORRE E O REPOVOAMENTO DE ENTRE-MINHO-E-LIMA
3.1.1. A RIQUEZA EPIGRÁFICA DA IGREJA MONACAL DE SÃO SALVADOR DA TORRE
3.1.2. ALGUNS PERGAMINHOS DO MOSTEIRO DE SÃO SALVADOR DA TORRE
3.2 O MOSTEIRO DE SÃO CRISTÓVÃO DE LABRUJA (P. DE LIMA)
3.2.1. 0 MOSTEIRO DE LABRUJA E AS INVASÕES NORMANDAS
3.3 O MOSTEIRO DE ÁZERE E A CRIAÇÃO DO PRESTOMADO DE VALE DE VICE
3.4 OS MOSTEIROS DO ALTO-MINHO E A FUNDAÇÃO DE PORTUGAL - 1128

IV O SENHORIALISMO ECLESIÁSTICO EM ENTRE-MINHO-E-LIMA (SÉCS. XII- XIV)
4.1 O ESTADO DO SENHORIALISMO NO ALTO-MINHO - 1258
4.1.1. OS COUTOS NO ALTO-MINHO
4.1.2. AS HONRAS AUTO-MINHOTAS
4.2 CRISE SENHORIAL DE TREZENTOS E QUATROCENTOS
4.2.1. POLÍTICAS DE CONTENÇÃO DO SENHORIALISMO
4.2.2.0 CHAMAMENTO GERAL

V O ROMÂNICO SAGRADO NO ALTO-MINHO
5.1 DA MATÉRIA SAGRADA AO TEMPLO CONSAGRADO
5.2 A BELEZA E O TEMPLO
5.3 A ARTE SACRA E OS SÍMBOLOS
5.4 AS IGREJAS ROMÂNICAS NO TEMPO E NO ESPAÇO


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