Livro - O Cemitério de Viana do Castelo: História; Arte; Património

Título - Cemitério de Viana do Castelo : História; Arte; Património
Autor - Francisco Queiroz (com a colaboração de Luís Moura Serra)
Edição - Câmara Municipal | Local de vendas: Biblioteca Municipal de Viana do Castelo


Introdução
"O Cemitério de Viana do Castelo, compreendendo as secções municipais e as da Ordem Terceira de S. Francisco, é um dos mais importantes do país e um dos mais antigos do Minho. Aliás, em Viana. a iniciativa para o estabelecimento de cemitérios é anterior à célebre lei do ministro Rodrigo da Fonseca Magalhães, composta pelos decretos de 21 de Setembro e de 8 de Outubro de 1835, pela qual se proibiam os enterramentos no interior das igrejas e se mandava estabelecer cemitérios por todo o país. De facto, logo em 24 dc Maio de 1834 a Provedoria efectuou uma consulta à Comissão de Viana, a qual respondeu nesse mesmo mês. Na resposta, alude-se à existência de duas paróquias na vila e, como tal, deveriam ser estabelecidos dois cemitérios. Propunha-se, para a paróquia da Matriz, o quintal do "rebelde" miguelista João Barbosa de Magalhães, junto ao Convento de Santa Ana. Para a paróquia de Monserrate, propunha-se a cerca dos Padres Crúzio, ou seja, dos Agostinhos [nota1]. Temos aqui como solução: uma cerca conventual - e lembramos que as ordens religiosas foram extintas em Portugal precisamente em 1834; mas também o terreno de um miguelista - talvez por vingança, até porque o dito terreno estava já em sequestro. Note-se que esta proposta previa também a hipótese de estabelecer o hospital regimental no convento dos Agostinhos, pois cria-se que sobraria ainda muito espaço [nota2].
Contudo, a solução inicial viria a ser modificada. Por portaria de 21 de Outubro de 1835 (confirmada em 7 de Setembro de 1836), foi posta à disposição da Câmara de Viana a mata do extinto Convento de Santo António, para um cemitério público que servisse as duas freguesias [nota3]. Realce-se que esta foi uma das primeiras concessões de cercas conventuais para o estabelecimento de cemitérios públicos, pois foi decidida logo após a supramencionada lei de 1835 de Rodrigo da Fonseca Magalhães. Nos anos seguintes, várias outras cercas de conventos extintos viriam a ser escolhidas em Portugal para o mesmo fim [nota4].
Por ofício de 16 de Setembro de 1836, o Administrador Geral do Distrito lembrou a Câmara de Viana da concessão feita pelo Governo. Contudo, em 24 de Setembro desse ano, a Câmara queixava-se da falta de meios monetários para estabelecer o cemitério público [nota5]. O Administrador Geral do Distrito insistiu, em 15 de Novembro de 1836. A autarquia respondeu em 12 de Dezembro, continuando a alegar falta de meios, falta essa que só poderia ser suprida com derramas, ou através de "um empréstimo, pagar pelas quotas do covato". Excluindo à partida a hipótese de uma derrama pois o povo andava sobre carregado com derramas para os expostos e para a côngrua dos párocos [nota6], a Câmara acabou por não aproveitar a concessão da mata conventual. É certo que as secções municipais do Cemitério de Viana encontram-se hoje nesta antiga mata. Porém, o processo de estabelecimento do cemitério público foi longo e complexo."

Notas 1. 2. 3 5. 6.
CAPELA. José Viriato - A Revolução do Minho de 1846. p. 171.
Nota 4.
Para aprofundamento, veja-se QUEIROZ, José Francisco Ferreira - Cemitérios e(m) cercas conventuais.


[contracapa]

O cemitério de Viana do Castelo é um dos principais
cemitérios portugueses.
A pretexto de receber os falecidos na cidade, na realidade
foi concebido como espaço de representações sociais,
de memórias e sentimentos, de valores e também
de vaidades. Para tal, contribuíram numerosos artistas
e artífices, da região e não só, através dos túmulos
que conceberam e executaram, alguns dos quais
de grande valor patrimonial.

Neste livro, poderá encontrar a atribulada história
da construção do Cemitério de Viana do Castelo, quer
da parte municipal, quer da parte pertencente à Ordem
Terceira de S. Francisco, assim como a análise aos
monumentos mais interessantes existentes neste e
noutros cemitérios do concelho, com apontamentos
biográficos sobre figuras ilustres neles sepultadas.

Colaboração de
Luís Moura Serra



Nota Biográfica:
Francisco Queiroz
Licenciado, Mestre e Doutor em História da Arte pela Universidade do Porto, foi docente do curso de Arquitectura da Escola Superior Artística do Porto durante quinze anos, tendo leccionado História da Arquitectura e Urbanismo e módulos sobre Reabilitação. Desde 1994 que pesquisa a História e a Arte dos cemitérios portugueses, sendo considerado o maior especialista sobre esse tema. Foi o primeiro no mundo a concluir Pós-doutoramento sobre Arte Tumular do Romantismo e é, presumivelmente, o guia especializado que conduziu visitas num maior número de cemitérios dentro do mesmo país. Coordenador adjunto do Grupo de Investigação "Património, Cultura e Turismo" do CEPESE - Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade (Universidade do Porto), é também colaborador da Rede de Investigação em Azulejo (ARTIS - IHA / Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa), e membro da Associação Portuguesa de Genealogia. Tem dezenas de artigos e vários livros publicados.

Luís Moura Serra
Licenciado em Economia pela Faculdade de Economia do Porto, pós-graduado em Gestão Estratégica do Património na Administração Pública e Autárquica pelo IPPAR e mestrando em Marketing pela Universidade Portucalense Infante D. Henrique. Nos últimos quinze anos dividiu a sua actividade profissional principal entre a Câmara Municipal da Trofa e a Câmara Municipal de Viana do Castelo, tendo sido o primeiro Chefe do Gabinete de Apoio Pessoal do primeiro executivo da Câmara Municipal da Trofa, liderado pelo médico Bernardino Manuel de Vasconcelos. Fundou e é Presidente da Direcção da Associação para a Promoção e o Desenvolvimento Cultural - Maria de Fátima Moura. É Académico Correspondente da Academia de Artes e Letras de Portugal, Membro da Real Irmandade de Santa Beatriz da Silva e Membro Correspondente do Instituto D. João VI. Investiga e escreve essencialmente em matérias de âmbito cultural e de genealogia, tendo como publicações "Viana do Castelo - Cidade do Vinho 2011", editado pela Câmara Municipal de Viana do Castelo, "A Companhia de Ordenanças de Santiago de Bougado e a Defesa do Rio Ave na Barca da Trofa - Contexto Histórico e Familiar", editado pela Associação para a Promoção e Desenvolvimento Cultural - Maria dc Fátima Moura c "Casas no Norte de Portugal", editado pela Seda Publicações.

Sem comentários:

Enviar um comentário